Hoje aqui ainda chove,



Com tanta tecnologia nesse nosso mundo pra lá de contemporâneo cada vez mais   diminuímos distâncias. Ficou fácil ver em tempo real famintos de uma África esquecida, sofrer por mais uma bomba explodida em alguma guerra sem nexo, perceber a destruição física e mental  que essa pandemia criou.

Visão e audição, dois orgãos dos sentidos dominadas pela máquina, mas faltam outros. Os roteiros de vida quando bem conduzidos levam mentes férteis a deduzirem que escritores são mestres em imaginação.
Graças a Deus não se vive só com a razão.

 Assim sendo, sinto algumas mãos macias acariciando meu rosto, um abraço forte de fato , ainda que sem tato . Mas é o odor que me fascina. Sinto cheiros em cada recado que recebo. Alguns vêm com Alecrim, planta que vive sob o domínio do sol que ama o calor e a vida, outros com alfazema que alivia as dores do coração, tem os de hortelã, erva da amizade e do amor, muitos de jasmim que é eufórico e afugenta a depressão, alguns de maracujá, fruto da paixão.

Nesse meu momento de recolhimento sinto os aromas e bebo as infusões dos meus amigos ("Um bicho igual a mim, simples e humano") , que aquecem minha alma e adoçam meu espírito.

Hoje aqui ainda chove, mas quem garante que amanhã não nascerá com sol?
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 12/07/2021
Alterado em 12/07/2021





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