Declaração
Rosa Pena
 

 
O que lhe direi agora? Que palavra virgem, que som inédito, original aos nossos ouvidos, caberá no espaço imenso entre seu olhar e o meu?

O que lhe direi agora, que esqueci meu nome, que desaprendi a falar, que desfiz as ilusões que tinha, que os espaços não são mais nossos?

O que lhe direi agora, que meu corpo grita, que meus braços doem, que minhas pernas se desmancham, que você me colocou pelo avesso e me deixou nua até de mim?

O que lhe direi agora, que só me restou a rendição? Dizer que lhe amo é lugar-comum.
Mas eu sou burguesa, barata, corriqueira, ordinária.
Então digo e repito:
“Te adoro”



 
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 08/12/2020
Alterado em 09/12/2020





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