Lararirará!
                              Rosa Pena



F
oi quando cheguei que redescobri pela milésima vez:
Meu solo sempre será aqui. Dessa vez parece que demorou mais a volta, pois foi duro ouvir lá longe que meu Rio estava se desmanchando entre paus e pedras, não por culpa das águas de abril, mas pela insanidade de alguns que nunca sabem, nunca viram, nunca têm culpa. Ah! Mas não adianta imaginar-me morando fora daqui. Se for terei a eterna sensação de exílio. Porque, por mais naufragada que esteja minha terra, ela insiste em ter palmeiras e o sabiá a cantarolar.

E o Karaokê daqui é muito melhor do que o de lá. Lararirará!

Chego muito cansada e nada feliz com o que vi lá fora. Quem disse que aqui é sempre pior? Quem?

Abro minha porta e vejo quilos de jornais e revistas. Entre eles o livro novo do Viegas Fernandes da Costa. Esqueço a imprensa marrom. Viegas é azul da cor de meu mar. Ouço a secretária- eletrônica, e ela está cheia de recados de amigos desse meu verde e amarelo. Estão preocupados com meu sumiço. Abro meu micro e encontro mais mensagens perguntando por onde ando. Ganhei dois poemas lindos. Reparo na infinidade de escritos, alguns Assaz Atroz, outros bem zen, muitos de amor e um espanto de spam que me faz rir de ódio. Contraditório como meu Rio de Janeiro. Mas o amor não é uma eterna antítese?

Estou de volta pro meu aconchego, ainda que encharcado, mas não só de barro. De loucos como eu que amam amar o Brasil com todo pleonasmo e contra- senso que ele carrega há mais de quinhentos.


Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 17/04/2010
Alterado em 20/04/2010
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