Primavera sem Vivaldi

                       Rosa Pena


Entrarei nessa primavera sem rendas outonais. Despida totalmente das folhas amarelas, me abrirei nos botões que guardei para você.

Estarei manga da vez, amadureci ouvindo Vivaldi à espera dela e sua. Vou estar nua do gasto e do casto.

Recuperarei as gotas de suor do calor que perdi no verão do imaginei, onde o sol nos desenhava nas sombras de minha cortina. Abrirei as janelas e destruirei o cobertor que fingiu me agasalhar no inverno do talvez. Estarei muda, pois as palavras voarão com o vento que sairá de nossas bocas. Silêncios a dois, palavras ficam para depois.

                                      Ou viajei?

Quem sabe estarei folhas ao vento, eterna flor em semente, manga verde que não vinga, pingando de suor por não alcançar o mar, as dunas são maiores que meus pés, gritando de frio na manta da espera de uma estação que criei?

Existe primavera? Vivo na estação do não sei.
Enviado por Rosa Pena em 17/09/2006

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