Vestígios dessa estranha civilização

                         Rosa Pena


 
 
Existirá uma estação de minha existência em que minha boca não ficará mais a espera da sua, meus seios esquecerão seu peito, minhas mãos nem de longe imaginarão a delícia que seria deslizarem em seu rosto que ficou com a barba por fazer.
Quem sabe assim não me machucarei muito.

Talvez, um dia, eu nem ligue mais por você nunca ter tido a audácia de invadir minha vida. Sim! Já não fará mais diferença. Eu poderei andar descalça sobre as lembranças sem cortar o pé, que dirá o coração.
Quem sabe assim me machucarei menos.


Certamente haverá uma hora em que eu nem pensarei mais em seu sorriso, lindo de morrer, e tudo que nos dissemos será neblina que se esfumará na linha do tempo. Falávamos mesmo de quê?
Quem sabe assim me machucarei pouco.

Obviamente em algum minuto me será permitido olhar sua foto, sem imaginar seu corpo ao redor do meu. Poderei ouvir Chico Buarque, Futuros Amantes, sem imaginar que foi moldada para nós. Ah! Minha escrita não será mais um bolero.
Quem sabe assim...Machucadinho? De merda

Enfim, numa fração de segundo, com a alma livre das flechas do capeta que teimam em chamar de cupido, eu não terei mais os olhos ocos, do vazio, de ter passado a vida sem saber como seria o encanto de ter tido você.
Mas, em compensação, ficarei sem machucado algum.

Existe medida de tempo menor que um caco de segundo? Não?

Ainda bem, pois que vidinha medíocre levou quem nunca se machucou por amor. Não amou.

Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 11/04/2011
Alterado em 31/05/2011
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